domingo, 8 de setembro de 2013

Góticos e suas relações com o Cemitério

Muitas das vezes, quando a palavra “gótico” é mencionada em diversos lugares, muitas pessoas já trazem à tona de suas mentes indivíduos estranhos, com fixação pela morte, suicídio, rituais satânicos e muito mais.
São situações que divergem e variam de acordo com o indivíduo, não com a Subcultura em si.



Morte e Preto
Não somos indivíduos com fixação pela morte. Apenas não compartilhamos da hipocrisia imposta pelo mainstream de que a morte é algo tão ruim, que até pensar nela faz com que você fique doente, ou coisas semelhantes. A morte é algo natural, algo que faz parte da vida, e a humanidade perde tempo demais valorizando coisas superficiais, quando a vida em si é curta demais para ser devidamente aproveitada da melhor maneira possível. Este é o motivo (ou pelo menos um dos motivos) de usarmos o preto: luto pela tolice da sociedade, que parece ser eterna.

Cemitério
O Cemitério é um lugar calmo e silencioso, com uma atmosfera que consegue ser leve e densa ao mesmo tempo. As esculturas transformam o lugar em um verdadeiro museu ao ar livre, e este é um lugar perfeito para se refletir sobre a vida... e a morte. Somos admiradores dos elementos que compõem o cemitério (desde suas belas esculturas até sua atmosfera), e, naturalmente, como admiradores de tal lugar, não praticamos nem toleramos atos de vândalos, tais como destruição de esculturas, pichação em túmulos e lápides e etc. E a admiração pelo cemitério é algo individual, que não deve se aplicar à todos os góticos. Por tanto, você irá encontrar ora góticos que gostam do lugar, ora góticos que não gostam do lugar. Simples assim.
Lembrando que não são apenas góticos que admiram a arte cemiterial.

Depressão e Suicídio
Depressão é uma doença de estado clínico que deve ser tratada. Pode até ser “moda” entre alguns adolescentes (emo, from uk, e sabe-se lá quais outros, rs), mas é uma doença séria, que quando não tratada corretamente, consequentemente leva à morte. Góticos não são pessoas deprimidas (vai dizer a palavra “depressão” numa festa onde o pessoal está se acabando de dançar na pista ao som da Siouxsie, do And One ou do Cruxshadows pra ver o que acontece, rs), e as pessoas teimam em confundir melancolia com depressão. Um gótico pode ser melancolicamente triste e/ou melancolicamente alegre. E melancolia é a palavra certa para descrever o comportamento de um gótico.
O suicídio está tão presente na vida de um gótico como de qualquer outra pessoa. Não cultuamos suicídio (embora eu realmente tenha vontade de cortar meus pulsos quando meus vizinhos começam à ouvir suas musicas infelizes em plenas 8h da manhã) e abominamos tal prática como qualquer pessoa o faz.

Rituais e Cultos Satânicos
A Subcultura Gótica é uma subcultura laica. Isto é, respeitamos e toleramos todo tipo de religião. A religião é algo individual, assim como crenças e credos. Todos na Subcultura Gótica são livres para acreditar e não acreditar no que quiserem. Com isso, você vai encontrar todo tipo de pessoa adepta as mais variadas religiões, como também irá encontrar pessoas que só acreditam nelas mesmas e em mais nada.
A palavra tolerância sempre esteve presente na nossa cena.
Tendo base nesses pequenos resumos, você estará livre para gostar e não gostar de góticos pelos motivos e razões corretas. ;-)

Mais detalhes sobre esse e outros assuntos, nos artigos do livro “Happy House in a Black Planet”. Você encontrará trechos desses artigos no site Gothic Station: www.gothicstation.com.br =-)

Até a próxima!

Anna Varney Cantodea: Perturbador & Clássico

ANNA VARNEY CANTODEA
Perturbador e Clássico


A cena Gótica está repleta de visuais interessantes de se analisar. De um modo geral, o visual estético é um espelho que reflete o que vem de dentro de nós mesmos, além de ser um dos quesitos avaliados quando se trabalha em algo, por assim dizer.

Com Anna Varney não seria diferente. Dono de um talento natural e extraordinário, o criador do Sopor Aeternus, que é um dos maiores nomes do Ethereal/Coldwave mundial, possui um visual perturbador e original.
Os cabelos de Anna são naturais e longos, e ele sempre retira os que nascem na parte da frente da cabeça, dando a ilusão de ótica de uma testa prolongada e terrível. Sendo assim, metade de sua cabeça é coberta pelos cabelos, e a outra não.

As unhas de Varney podem chegar à 15cm de comprimento, salientando e aumentando ainda mais o mistério e o misticismo de sua aparência. O rosto é sempre fantasmagoricamente pálido.

O vestuário é sempre o preto, e mesmo ele sendo portador da genitália masculina, as vestimentas são sempre femininas (isso não é muito estranho, visto que a Subcultura Gótica é uma subcultura que preza e valoriza muito a imagem da mulher, motivo de termos tantos andróginos na cena). Varney faz uma mistura muito bem trabalhada de Darkwave com Ethereal e até mesmo traços Vitorianos.

Durante algum tempo, Anna Varney tinha ainda um acessório que é constantemente associado à sua imagem: um piercing que ligava sua narina à orelha por uma corrente metálica, formando assim uma espécie de “piercing-brinco”.

As aparições de Anna Varney são raras. Ela não faz apresentações ao vivo, e entrevistas são raramente concedidas. Numa das mais famosas, um repórter questiona o motivo de ela simplesmente não retirar o pênis e transforma-se assim, na mulher que tanto deseja ser. Anna respondeu que isso era inviável por questões profundas e espirituais, e que sua estética era o reflexo de seu verdadeiro eu.
De uma coisa sabemos: Anna Varney é um raro talento na cena, tão raro que consegue ser único até mesmo na estética original. Mas não precisa ficar com medo: basta colocar “Hades Pluton” para tocar no último volume, e começar à dançar com a parede!
E lembre-se: você pode ser tão talentoso quanto Anna Varney. Basta usar a criatividade e criar você mesmo sua estética e um espaço para ela na cena! ;-)


Matéria originalmente publicada no antigo (e extinto) zine Victorian Express Magazine: www.victorianexpressmagazineon.blogspot.com .