terça-feira, 17 de junho de 2014
Mitos sobre a Subcultura Gótica
Existe, ainda hoje, uma grande dificuldade entre algumas pessoas, acerca do que vem à ser o gótico. Algumas dúvidas que eu, sinceramente, jurava que não existiam mais. Este texto tentará dar alguma ideia daquilo que nós, góticos, NÃO SOMOS.
- Góticos NÃO SÃO descendentes de visigodos;
- As catedrais ditas góticas não foram construídas por góticos;
- Literatura Gótica não resume o gosto literário de todos os góticos;
- Góticos não são todos homossexuais. Apenas os que são, são. O preconceito é algo pregado aos quatro ventos no mainstream, mas no gótico ele é completamente abolido. O fato de priorizar e valorizar o papel da mulher na sociedade, faz com que muitos góticos sejam andróginos (algo que pegamos emprestado do Glam Rock e de sir David Bowie); androginia não é e nem nunca foi sinônimo de sexualidade; góticos, geralmente, são indivíduos que respeitam a diversidade, o espaço e a privacidade de todos;
- Góticos NÃO SÃO indivíduos racistas. O uso da maquiagem pálida/branca é individual e pessoal, e geralmente é um retrato da teatralidade dramática, elemento que sempre esteve presente na história da Subcultura. Góticos aceitam todas as etnias, condições sociais e orientações/condições sexuais.
-Góticos NÃO SÃO indivíduos satanistas; a Subcultura Gótica é laica, e não existe nenhuma ligação com qualquer religião em especial. Religião é uma questão individual. Entre as próprias bandas da cena há uma clara diversidade, tendo o Rogue, vocalista da banda Cruxshadows, se casado em uma igreja católica, enquanto os membros do Virgin Prunes circulam em terrenos wicca, além do Christian Death, que é claramente anti-cristão (embora esteja claro também, que a banda não seja contra os ensinamentos de Jesus, mas sim contra o modo como os homens perverteram o cristianismo, usando-o para fins próprios). Assim como acontece com as bandas, acontece com o público que compõe a Subcultura. Ter respeito pelo próximo, independente de suas diferenças, é uma característica essencial em todo gótico;
- Góticos NÃO SÃO depressivos suicidas. Há uma diferença gigantesca entre depressão e melancolia. Um gótico pode ser melancolicamente triste (como o The Cure, por exemplo), ou melancolicamente alegre (como o Switchblade Symphony). Depressão é uma doença que necessita de cuidados e tratamentos adequados. Nos eventos góticos existe música feliz, as pessoas dançam, divertem-se e dão sorrisos;
-Gótico NÃO É uma fase adolescente, tendo muito de seus adeptos (principalmente na Europa) idade superior à trinta anos;
-Gótico NÃO É um "movimento"; não queremos caracteres universais utópicos, como os hippies queriam a "paz e o amor" e o punk a anarquia. O gótico aqui tratado é uma subcultura que nasceu na Inglaterra, no final dos anos 1970. O gótico possuí todo um universo próprio, baseado em uma perspectiva filosófica divergente da cultura das massas;
- Gótico NÃO VEIO exclusivamente do punk, como muitos acham. É notável que o punk forneceu o núcleo do que viria a ser o gótico, mas o gótico em si é uma grande infusão alquímica, por assim dizer, do punk com o glam-rock e o kraut-rock, aderindo, por vezes, até mesmo ao Industrial (o Killing Joke já trilhava seu próprio caminho antes do gótico começar à tomar forma própria, e é notável a influência mútua de um para com o outro, banda influenciando a cena, cena influenciando banda posteriormente; a música "Love Like Blood" é um bom começo para se ter mais detalhes sobre o assunto). Logo, é importante compreender que o gótico nasceu NO punk, e não DO punk;
- Góticos NÃO TEM fixação pela morte, tampouco são vândalos de cemitério. O uso de crucifixos (e qualquer outro objeto simbolista) é exclusivamente individual. Cemitérios são lugares silenciosos e calmos, e sua atmosfera ora densa, ora leve, fornece conforto para reflexões sobre a vida e a morte. O lugar possui ainda, diversas esculturas conhecidas como "arte tumular", transformando-se assim em um verdadeiro museu ao ar livre. Logo, góticos preservam pela beleza e cuidado do lugar, sendo esses atos de vandalismo praticados, em sua maioria, por adolescentes que não compreendem nada sobre a cena. Gostar de cemitérios também é algo de caráter individual;
- Gothic Metal NÃO É música gótica. O gótico nunca teve qualquer ligação com a cena metal. O metal sempre foi um estilo musical que soa agressivo, tendo o homem como peça central da música; além de tudo, é um estilo musical bastante popular na cultura das massas. O gótico sempre priorizou a melancolia e a poesia, dando ênfase ao papel feminino e sendo, não completamente, mas essencialmente underground. O termo "gothic metal" foi inventado como uma estratégia de marketing de determinadas bandas de metal que se aproximavam do lirismo presente na Subcultura Gótica. Muitas bandas de metal possuem bandas góticas como fonte de inspiração e influência ( o Dead Can Dance é uma banda GÓTICA que influenciou centenas de artistas, até mesmo popstars, como a Madonna, por exemplo), assim como há também elementos no metal que inspiraram certas bandas góticas, como é o caso do Fields of Nephelim e o Christian Death. Contudo, não passa disso: INFLUÊNCIAS.
O metal e o gótico são cenas diferentes e independentes uma da outra.
UFA! Esse texto foi criado não com a intenção de doutrinar ninguém, mas somente para esclarecer e desmistificar determinados assuntos. Agora, à partir dele, você pode gostar ou não gostar do gótico pelos motivos corretos ;-)
Carpe Noctem!
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