quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Entrevista: LES CHATS NOIRS

Batemos um papo com uma das grandes e novas promessas da Darkwave nacional. 
Confira!


Sabemos que a inspiração para a formação do projeto se deu no Wave Summer Festival, onde alguns de nós também estávamos lá. Contem para nós como essa ideia surgiu e no que o evento influenciou o nascimento da Les Chats Noirs.
Isso mesmo. Lucien nasceu numa família de músicos e sempre estudou música, além de amar compor. Já no meu caso, eu acredito ter uma bagagem musical muito grande do meio gótico e darkwave, já que ouvia grandes bandas desse estilo e isso foi fundamental para começarmos o projeto. Já fui a um dos maiores festivais góticos da Alemanha, o Meraluna, em 2009 e lá a gente pode ter a real dimensão da cena gótica, que é linda e está muito viva. Esperamos agora ter a oportunidade de ir ao WGT em Leipzig que é o maior evento da cena atual. No Wave Summer Festival, em 2015, nós voltamos inspiradíssimos para começar o projeto e eu comecei a, digamos, “receber” melodias para piano e começamos a compor as primeiras faixas: “Love and Passion”, que tem uma levada mais para o Gothic rock e “Lestat”, que possui uma atmosfera mais densa remontando ao vampiro da nossa querida Anne Rice. Logo depois da morte do pai de Lucien surgiu “Death is Alive”, numa tarde cinzenta e fria de Agosto em que caminhávamos por uma praia. No clipe, nós aparecemos como dois “anjos da morte” que anunciam e vêm buscar a alma da moça que chora. “Eternal Love” é mais romântica e fala de nós mesmos quando nos conhecemos. Aliás, o nosso próximo clipe será dessa música. O Lucien é dos anos 80. Ele viveu o punk e o pós-punk. Nasceu em Curitiba, uma cidade com muita influência de música inglesa. As pessoas andavam vestidas como seus ídolos, Johnny Rotten, Siouxsie, Robert Smith, Morrisey, Ian Astbury e outros. Curitiba nos anos 80 teve seu auge, a cidade abraçou o movimento pós-punk inglês de uma maneira muito intensa. Eram muitos encontros para escutar aquele lp daquela banda especial, que algum jornalista tinha escrito em alguma revista. Bandas como Echo and the Bunnymen, Dead Can Dance, Gang of Four, Cocteau Twins e tantas outras. Então Então, em 1987 ele, junto com seu irmão, criaram a banda Tessália, que misturava todas estas tendências, meio gótica, meio ethereal, muita experimentação, efeitos... eles tocavam com vestes, inspirados pelo vídeo da música Atmosphere Em 90 foram morar em Londres, onde quase assinaram com as gravadoras Rough Trade (The Smiths) e 4AD (Cocteau Twins, Dead Can Dance, Clan of Xymox), mas o destino... Lucien chegou a conhecer o dono da 4AD, o lendário Ivo, homenageado em uma das músicas da banda Cocteau Twins). Sem uma banda de apoio, Lucien entrou em depressão, voltou ao Brasil e foi morar nos Estados Unidos por 3 anos, onde conheceu músicos do underground como Mark Sandman da banda Morphine e Kristin Hersh da banda Throwing Muses. Por muitos e muitos anos achou que o estilo gótico tinha acabado, até conhecer Nyx. Nyx mostrou a Lucien que não só nao tinha acabado, como estava muito vivo, com excelentes bandas, tanto na Europa como no próprio Brasil como Plastique Noir, Scarlet Leaves e Das Projekt entre tantas outras. Mas foi no festival que Lucien sentiu o chamado para compor novamente, e ao chegar em sua casa, Nyx teve a inspiração do piano de "Love and Passion", o que levou Lucien a compor a melodia e os oturos instrumentos em questão de horas. Lucien ficou muito impressionado com a banda alemâ Das Ich e as brasileiras Das Projekt e Scarlet Leaves.

Vocês possuem uma forte influência de música tribal em seu primeiro álbum, o Les Fleurs des Mortis. Que outros sons vocês incorporam em suas músicas e quais seriam suas principais influencias/inspirações?

Podemos dizer que uma das nossas maiores inspirações é a fantástica “Dead Can Dance” que nos traz um pouco desses elementos tribais que você mencionou. Além disso, a alemã “Love is Colder Than Death”, a britânica “Death in June” e a mais atual “Angels of Liberty”, as francesas “Opera Multi Steel” e “Collection D’Arnell Andrea” e os italianos do “Kirlian Camera”. Mas é interessante perceber a nossa evolução nesses dois anos de banda: começamos de foma mais “analógica”,digamos assim, com bateria, baixo, guitarra e o piano e estamos nos encaminhando para uma tendência mais eletrônica fazendo mais uso dos sintetizadores. Nyx queria fazer gothic rock, por isso as duas primeiras músicas tem mais essa levada, baixo, batera... Death is Alive e Eternal Love tem uma granade influência de bandas como Angels of Liberty e Nosferatu. As últimas músicas já tem algo mais ethereal, mais teclados, ambiências.

Como vocês veem a cena gótica/ Darkwave no Brasil atualmente?
Nós dois vivemos os anos 80, o auge do movimento gótico e estávamos sintonizados em tudo o que rolava no meio underground da época. A partir dos anos 90 muitas bandas excelentes apareceram e continuamos em sintonia. Agora, no século XXI, parece que estamos redescobrindo a cena e nos reinventando de um jeito bastante interessante aqui no Brasil. Ficamos impressionados com a performances das bandas “Tempos de Morte”,“Poetisa Dissecada” e “Gangue Morcego, que nos chamaram bastante atenção neste Woodgothic, por exemplo. Temos artistas excelentes aqui na nossa terrinha, mas precisamos muito do apoio e reconhecimento do público para manter a cena sempre viva e sentimos isso com o pessoal que estava no festival. Uma interação bem legal entre o público e as bandas. Torcemos muito para o público aumentar e conhecer o nosso trabalho. Como diz o lema do festival: “Resistência Underground” sempre!!


Falem um pouco sobre o Les Fleurs des Morts e qual tem sido a resposta do público;
Esse é o nosso primeiro album e estamos muito felizes com a repercussão que está tendo. Estamos recebendo muitos elogios de pessoas que entendem bem do assunto e isso é uma grande honra para nós que estamos começando agora. A foto da capa e do
cd são do fotógrafo Lorenzo Bonincontro daqui de Santa Catarina e quando conhecemos o seu trabalho ficamos encantados pela beleza e mistério que as fotos passam. Pensamos na hora a mesma coisa: essas fotos tem tudo a ver com o Les Chats Noirs! Entramos em contato com Lorenzo e pedimos permissão para utilizá-las no nosso álbum. E assim se deu um casamento perfeito...rs
Sem a ajuda de algumas pessoas este cd não teria sido feito. O primeiro a acreditar na banda foi o produtor cultural Paulo de Almeida de Jaraguá do Sul em Santa Catarina, produtor do canal de youtube "Palco Local". Ele era fã da banda Tessália de Lucien e acabou escutando as músicas do Les Chats Noirs e divulgando para pessoas como o Zaf, que os convidou para o festival WoodGothic. Este foi um "turning point" na carreira 
da banda, que de repente teve suas músicas tocadas em rádio da Europa e convite para participar da coletânea "Temple of Souls" do selo Deepland Records. Com o lançamento do vídeo "Death is Alive" de produção do mesmo Paulo de Almeida, recebera o convite para lançar um cd pelo selo Wave Records. O show de lançamento foi no Madame Satã e logo depois tocaram no festival WoodGothic. A recepção tem sido muito gratificante, com novos fãs e mensagens diariamente.


Quais as novidades que a Les Chats Noirs tem para nós?
Bem, estamos lançando o nosso próximo clipe da música “Eternal Love” e já estamos pensando no próximo que será “Les Fleurs des Mortes”. Além disso, temos um projeto com a Companhia de Dança Obscure Fusion da coreógrafa e 
dançarina Gilmara Cruz, onde nós compomos músicas para as suas coreografias e isto é algo muito novo na cena e que está nos motivando bastante.
Bom, estas últimas músicas  já tem um formato mais eletrônico, etéreo e ao mesmo tempo a música "Les Fleurs des Morts" tem uma batida mais eletrônica. Já estamos trabalhando em novas músicas e acho que o formato vai ser esse, músicas para pista, com influências de bandas mais atuais como Lebanon Hanover e Sixth June, que também são casais que compõe
 
. A idéia inicial era formar uma banda mesmo, com outros músicos, mas este formato, um duo, é o que vai continuar.


Você pode adquirir o recomendadíssimo “Les Fleurs des Mortis”, que já é considerado um dos destaques do ano do Darkwave nacional através do site da Wave Records: waverecordsmusic.com

Página da banda no Facebook: https://web.facebook.com/leschatsnoirsbrasil/

Um comentário:

  1. Desde o ano passado que tenho ouvido desse duo, mas só esse ano vim parar pra escutar. Eles são sensacionais! Com toda certeza já são destaque no underground nacional.

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