quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Entrevista GANGUE MORCEGO

Um dos mais conceituados e atuais nomes do post-punk, a Gangue Morcego falou conosco sobre sua trajetória no Underground brasileiro. Confira agora a entrevista inédita que os rapazes nos concedeu, diretamente do Rio de Janeiro.



Gostaríamos de agradecer a Gangue Morcego pela maravilhosa oportunidade de conhece-los um pouco melhor. Primeiro, queremos saber: onde surgiu a ideia de criar a Gangue Morcego?
Alexandre: Nós que agradecemos o interesse. Bem, eu era do interior e na minha cidade o pessoal que eu conhecia tinha bandas covers, o que não atraia muito minha atenção. Comecei a pensar em ter uma banda em 2007, tinha acabado de entrar na faculdade de cinema e, diferente das minhas experiências anteriores, fiz dois amigos (o Daniel Abud da The Knutz e o Nathan There da The Fraktal)que tinham cada um uma banda autoral e isso me deixou bem empolgado. Eram bandas de qualidade e que tinham a ver com o que eu curtia. Dessa forma, me pareceu natural tentar criar algo que traduzisse meus gostos musicais, algo que fosse baseado em bandas Post-Punk e Deathrock que eu ouvia muito na época. Em 2008 resolvi pedir ajuda a esses amigos, já que eu não era músico, para dar formato ao projeto que eu estava pensando, o "BatSquad", nome que logo mudou para Gangue Morcego, pela minha vontade de fazer algo em português, já que eu como vocalista poderia ficar mais confortável em cantar e produzir letras. Eu queria criar algo que fosse ligado as referências visuais que tinha, como cinema expressionista e animações das décadas de 20/30, e criar uma identidade Deathrocker no Rio.

Em 2016 vocês lançaram o EP “Olhem Para as Ruas”, que aliás conquistou a nossa equipe. Gostaríamos que falassem um pouco sobre ele, e qual tem sido a resposta do público.
Alexandre: O nosso EP “Olhem Para as Ruas" contem as primeiras músicas da banda e demorou bastante pra sair. A banda passou por diversas formações até que em 2013 passamos a ter uma formação mais sólida e começamos a fazer
shows. Já em 2015, a banda praticamente renasceu, o pessoal está fixo até hoje e dessa forma foi possível dar o passo de começamos a gravar de fato o EP em janeiro de 2016.Nós tentamos passar para as músicas da melhor forma possível, junto com o produtor musical Sergio Filho, a aura que queríamos dar para elas, foi um trabalho intenso.
Daniel K: "Olhem Para as Ruas" é uma loveletter, a risada do gato Félix, filmes de terror dos anos 50, café provavelmente requentado em dias nublados e gente com jaquetas de couro e buttons de banda no metrô.
Thiago: O "Olhem Para As Ruas" é a síntese de toda a história da Gangue, desde a concepção da banda até o momento em que pisamos no estúdio para gravá-lo. Tudo pelo que passamos está refletido nele, seja de forma direta ou subjetiva. A repercussão tem sido ótima, mesmo agora, quase um ano após o seu lançamento, as pessoas ainda ouvem, comentam e se interessam como se ele tivesse acabado de sair. A produção dele foi um processo intenso, divertido e envolvente. O Sérgio(produtor) é um cara genial e um artista muito sensível. Ele vem totalmente de fora da cena gótica e, mesmo assim, captou perfeitamente a essência da banda e do nosso trabalho. No fim das contas, combinando o nosso jeito e o jeito dele, conseguimos o grau exato de originalidade que buscávamos. Sem querer parecer convencido, mas eu acho o "Olhem Para As Ruas" um puta trabalho. Não canso de ouvi-lo e tenho muito orgulho de mostrá-lo para as pessoas.
Alexandre: Temos recebido muitos feedbacks positivos do pessoal que ouve e isso nos dá força para continuar com novas gravações e manter a
banda ativa.

Recentemente tivemos a oportunidade de vê-los tocar no Woodgothic Festival 2017. Qual a sensação de tocar no maior festival underground da América Latina e qual a importância desse tipo de evento para as cenas alternativas?
Alexandre: As datas importantes que marcam a banda não são por acaso. Eu costumo ir ao Woodgothic em quase toda edição. Estar presente nele sempre é muito bom. O festival sempre serve pra gente como algo a se alcançar e melhorar nosso trabalho ao longo dos anos. 2008, quando a banda começou, foi a primeira edição do Wood e eu pensei comigo mesmo que eu tinha que tocar por lá. O clima de estar no mesmo lugar com pessoas que gostam e apoiam o underground, trocar ideias e ter uma experiência mais intima com as bandas que curtimos nos chama muito a atenção. Tocamos lá por 3 anos seguidos, 2013, 2015 e agora em 2017. E o festival só tem evoluído. Essa última edição foi incrível.
Thiago: A experiência de se estar no Woodgothic, tanto como banda, quanto como público, é algo que só pode ser, de fato, compreendido estando lá. Foi a minha terceira vez no festival e a sensação de renovação, troca de energias e pertencimento a algo maior só aumenta. É muito foda caminhar junto e poder tocar com tantos artistas que respeitamos e admiramos. Interagir com o público de uma forma tão direta como acontece lá. Fora que São Thomé das Letras é um dos lugares mais lindos e com algumas das pessoas mais encantadoras do mundo. Toda cena deveria possuir um evento equivalente, que envolvesse, unisse e motivasse as pessoas da forma que o Woodgothic consegue fazer.

Por quê “Gangue Morcego”? Faz parte da mensagem que vocês querem passar para o público? Que mensagem é essa?
Alexandre: Gangue Morcego é um nome irônico, somos muito contra a cultura bairrista de gangue que, às vezes, rola no nosso meio. Com o passar do tempo encarnamos em nossos shows personagens que refletem uma espécie de ego exacerbado de cada um. Existe uma música que tocamos pouquíssimas vezes pois precisamos achar ainda o ponto certo para torna-la mais recorrente, ela se chama "Wanna Be A Member". Nela explicitamos essa ideia em forma de pastiche. A letra brinca chamando de forma opressora novos membros para participar da gangue, lhes tirando liberdade e oferecendo uma falsa noção de pertencimento a algo maior. [...] O exato oposto do clima que rola dentro da banda. Acho que conseguimos passar bem essa ideia com nossa postura.
Thiago: Quando eu entrei para a banda, eu não sabia ao certo qual era o motivo por trás do nome, mas eu lembro de ter pensado que devia haver algo de irônico e muito genial nisso e ter dito "quero tocar com esses caras!". Quando soube o motivo, não deu outra: compartilho em gênero, número e grau da idéia do Alexandre sobre essa postura ganguista que rola em várias cenas. A música deveria quebrar preconceitos e unir as pessoas, não fazê-las se digladiar e gerar hostilidade.

Quais as novidades que a banda guarda para nós nos próximos meses?
Thiago: Já estamos com material novo sendo preparado. Aguardem!!

Você pode adquirir a sua cópia do maravilhoso “Olhem Para as Ruas” (que ganhou nota 9 na nossa avaliação) através da página oficial da banda no Facebook: www.facebook.com/GangueMorcego e também através de serviço via streaming que estará disponível a partir do dia 24 de novembro. 







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