segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Especial DIVA DESTRUCTION

Por onde anda a famigerada e amada banda de gothic rock da belíssima Debra Fogarty?

Muita gente diz que o gótico morreu nos anos 1980, por que a coisa nunca mais foi a mesma. Em parte, essas pessoas estão mesmo corretas, pois aquele gótico realmente morreu, afinal os anos 1980 acabaram quando os anos 1990 nasceram. E junto com os anos 1990 muita coisa boa surgiu. Ao final dessa década, o gótico não apenas estava vivo, como estava respirando muito bem, obrigado (só não espalhe isso, ou a nossa fama de mortos-vivos é que vai morrer) e bandas como as famosas Blutengel (em atividade desde 1998) e The Birthday Massacre (em atividade desde 1999) mostravam isso claramente. O Diva Destruction foi uma das bandas novas da década do final dos anos 1990 que surgiu para dar um novo ar na cena gótica mundial.

Debra e Sharon, numa apresentação ao vivo, ano de 2004
Alguns dizem que elas surgiram para substituir a lacuna deixada pelo rompimento do Switchblade Symphony, embora nenhum ex-membro do Switchblade fizesse parte da banda de Debra Fogarty. A temática do Diva Destruction também era, de certa forma, mais tradicional que o ar de horror e fantasia do Switchblade Symphony. Muita gente diz que essa comparação entre as duas bandas só existe por que ambas eram comandadas por uma dupla de femme fattales.
Formado por Debra Fogarty e Severina Sol, a banda iniciou as atividades em 1999 nos Estados Unidos. Fogarty conta, numa de suas raras entrevistas, que criou o Diva Destruction com a intenção de expressar a dor que não tinha como colocar pra fora através de palavras. “Já perdi uma amiga bastante querida. Ela tirou a própria vida para dar fim a um ciclo de relacionamentos abusivos. Muitas de minhas letras mais ácidas, como a de ‘Cruelty Games’, falam de traição, masoquismo e tortura emocional. As coisas que escrevo falam sobre as profundezas da crueldade que existe na natureza humana e como as pessoas se destroem emocionalmente”.

Suas influências musicais são bastante variadas: de Siouxsie and the Banshees a Beethoven, o que nos faz entender o verdadeiro espetáculo musical que faziam em seu som híbrido. Faziam? Sim, faziam. Há mais de dez anos que a banda não lança nenhum tipo de material novo, sendo seu último álbum lançado em 2006 (Run Cold, que aliás é excelente e fez com que a banda ganhasse pelo segundo ano consecutivo o título de ‘melhor banda gótica dos EUA’). Em seu pouco tempo de atividade, a banda nos presenteou com três ótimos álbuns. Passion’s Price, de 2000, é um excelente disco de estreia. Nele você pode
Passions Price, disco que colocou a banda
entre as melhores da dark music
norte-americana
encontrar um show bastante dramático e teatral, que inclui um santuário para suicídios com forcas, bilhetes suicidas, velas e rosas mortas. Exposing the Sickness, de 2003, deixa a desejar em algumas músicas que soam muito parecidas umas com as outras, mas nos traz grandes pérolas musicais com letras muito fortes, como é o caso da desconhecida “Forgotten”. Neste álbum, a parte eletrônica é melhor explorada que no álbum anterior, nos mostrando o perfeito casamento do electro-goth com o gothic rock, fórmula que só estaria bastante presente em outra banda gótica, a London After Midnight. Run Cold, de 2006, mostra o lado mais maduro da banda até o momento e é um álbum realmente muito gostoso de ouvir. Destaque para a faixa de abertura “Rewritting History” e para a música “Electric Air”.


De 2006 para cá, não ouvimos mais nenhuma notícia real e concreta acerca do paradeiro da banda, exceto uma ou outra apresentação aqui e acolá e sem nenhum indício de retorno. Muitos dizem que acabou, o que realmente faz sentido depois de 12 anos sem lançar nenhum material. O que nós temos certeza, é que sentimos falta da voz poderosa de Debra Fogarty em contraste com guitarras, baixos, teclado e bateria perfeitamente sincronizados  num verdadeiro show de horror gótico. 

Maiores informações sobre o Diva Destruction na sessão de bandas do site Gothic Station

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Entrevista GANGUE MORCEGO

Um dos mais conceituados e atuais nomes do post-punk, a Gangue Morcego falou conosco sobre sua trajetória no Underground brasileiro. Confira agora a entrevista inédita que os rapazes nos concedeu, diretamente do Rio de Janeiro.



Gostaríamos de agradecer a Gangue Morcego pela maravilhosa oportunidade de conhece-los um pouco melhor. Primeiro, queremos saber: onde surgiu a ideia de criar a Gangue Morcego?
Alexandre: Nós que agradecemos o interesse. Bem, eu era do interior e na minha cidade o pessoal que eu conhecia tinha bandas covers, o que não atraia muito minha atenção. Comecei a pensar em ter uma banda em 2007, tinha acabado de entrar na faculdade de cinema e, diferente das minhas experiências anteriores, fiz dois amigos (o Daniel Abud da The Knutz e o Nathan There da The Fraktal)que tinham cada um uma banda autoral e isso me deixou bem empolgado. Eram bandas de qualidade e que tinham a ver com o que eu curtia. Dessa forma, me pareceu natural tentar criar algo que traduzisse meus gostos musicais, algo que fosse baseado em bandas Post-Punk e Deathrock que eu ouvia muito na época. Em 2008 resolvi pedir ajuda a esses amigos, já que eu não era músico, para dar formato ao projeto que eu estava pensando, o "BatSquad", nome que logo mudou para Gangue Morcego, pela minha vontade de fazer algo em português, já que eu como vocalista poderia ficar mais confortável em cantar e produzir letras. Eu queria criar algo que fosse ligado as referências visuais que tinha, como cinema expressionista e animações das décadas de 20/30, e criar uma identidade Deathrocker no Rio.

Em 2016 vocês lançaram o EP “Olhem Para as Ruas”, que aliás conquistou a nossa equipe. Gostaríamos que falassem um pouco sobre ele, e qual tem sido a resposta do público.
Alexandre: O nosso EP “Olhem Para as Ruas" contem as primeiras músicas da banda e demorou bastante pra sair. A banda passou por diversas formações até que em 2013 passamos a ter uma formação mais sólida e começamos a fazer
shows. Já em 2015, a banda praticamente renasceu, o pessoal está fixo até hoje e dessa forma foi possível dar o passo de começamos a gravar de fato o EP em janeiro de 2016.Nós tentamos passar para as músicas da melhor forma possível, junto com o produtor musical Sergio Filho, a aura que queríamos dar para elas, foi um trabalho intenso.
Daniel K: "Olhem Para as Ruas" é uma loveletter, a risada do gato Félix, filmes de terror dos anos 50, café provavelmente requentado em dias nublados e gente com jaquetas de couro e buttons de banda no metrô.
Thiago: O "Olhem Para As Ruas" é a síntese de toda a história da Gangue, desde a concepção da banda até o momento em que pisamos no estúdio para gravá-lo. Tudo pelo que passamos está refletido nele, seja de forma direta ou subjetiva. A repercussão tem sido ótima, mesmo agora, quase um ano após o seu lançamento, as pessoas ainda ouvem, comentam e se interessam como se ele tivesse acabado de sair. A produção dele foi um processo intenso, divertido e envolvente. O Sérgio(produtor) é um cara genial e um artista muito sensível. Ele vem totalmente de fora da cena gótica e, mesmo assim, captou perfeitamente a essência da banda e do nosso trabalho. No fim das contas, combinando o nosso jeito e o jeito dele, conseguimos o grau exato de originalidade que buscávamos. Sem querer parecer convencido, mas eu acho o "Olhem Para As Ruas" um puta trabalho. Não canso de ouvi-lo e tenho muito orgulho de mostrá-lo para as pessoas.
Alexandre: Temos recebido muitos feedbacks positivos do pessoal que ouve e isso nos dá força para continuar com novas gravações e manter a
banda ativa.

Recentemente tivemos a oportunidade de vê-los tocar no Woodgothic Festival 2017. Qual a sensação de tocar no maior festival underground da América Latina e qual a importância desse tipo de evento para as cenas alternativas?
Alexandre: As datas importantes que marcam a banda não são por acaso. Eu costumo ir ao Woodgothic em quase toda edição. Estar presente nele sempre é muito bom. O festival sempre serve pra gente como algo a se alcançar e melhorar nosso trabalho ao longo dos anos. 2008, quando a banda começou, foi a primeira edição do Wood e eu pensei comigo mesmo que eu tinha que tocar por lá. O clima de estar no mesmo lugar com pessoas que gostam e apoiam o underground, trocar ideias e ter uma experiência mais intima com as bandas que curtimos nos chama muito a atenção. Tocamos lá por 3 anos seguidos, 2013, 2015 e agora em 2017. E o festival só tem evoluído. Essa última edição foi incrível.
Thiago: A experiência de se estar no Woodgothic, tanto como banda, quanto como público, é algo que só pode ser, de fato, compreendido estando lá. Foi a minha terceira vez no festival e a sensação de renovação, troca de energias e pertencimento a algo maior só aumenta. É muito foda caminhar junto e poder tocar com tantos artistas que respeitamos e admiramos. Interagir com o público de uma forma tão direta como acontece lá. Fora que São Thomé das Letras é um dos lugares mais lindos e com algumas das pessoas mais encantadoras do mundo. Toda cena deveria possuir um evento equivalente, que envolvesse, unisse e motivasse as pessoas da forma que o Woodgothic consegue fazer.

Por quê “Gangue Morcego”? Faz parte da mensagem que vocês querem passar para o público? Que mensagem é essa?
Alexandre: Gangue Morcego é um nome irônico, somos muito contra a cultura bairrista de gangue que, às vezes, rola no nosso meio. Com o passar do tempo encarnamos em nossos shows personagens que refletem uma espécie de ego exacerbado de cada um. Existe uma música que tocamos pouquíssimas vezes pois precisamos achar ainda o ponto certo para torna-la mais recorrente, ela se chama "Wanna Be A Member". Nela explicitamos essa ideia em forma de pastiche. A letra brinca chamando de forma opressora novos membros para participar da gangue, lhes tirando liberdade e oferecendo uma falsa noção de pertencimento a algo maior. [...] O exato oposto do clima que rola dentro da banda. Acho que conseguimos passar bem essa ideia com nossa postura.
Thiago: Quando eu entrei para a banda, eu não sabia ao certo qual era o motivo por trás do nome, mas eu lembro de ter pensado que devia haver algo de irônico e muito genial nisso e ter dito "quero tocar com esses caras!". Quando soube o motivo, não deu outra: compartilho em gênero, número e grau da idéia do Alexandre sobre essa postura ganguista que rola em várias cenas. A música deveria quebrar preconceitos e unir as pessoas, não fazê-las se digladiar e gerar hostilidade.

Quais as novidades que a banda guarda para nós nos próximos meses?
Thiago: Já estamos com material novo sendo preparado. Aguardem!!

Você pode adquirir a sua cópia do maravilhoso “Olhem Para as Ruas” (que ganhou nota 9 na nossa avaliação) através da página oficial da banda no Facebook: www.facebook.com/GangueMorcego e também através de serviço via streaming que estará disponível a partir do dia 24 de novembro. 







quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Resenha de Eventos: BATS GRAVE

Por: Kell Kasperavicius
Revisão de Texto: The Gothic Nerd
Da esquerda para a direita, os organizadores do evento:
Nathalia Snow, Kell e Edu Ardo.

No dia 28 de outubro ocorreu o evento Bats Grave.
Depois de um mês de muita organização, dedicação e carinho, conseguimos fazer o evento acontecer.
A ideia do evento surgiu quando Edu, nosso amigo do Rio de Janeiro, nos avisou que viria para São Paulo, e nós decidimos fazer um picnic para reunirmos pessoas da cena, além de ser uma oportunidade para pessoas curiosas conhecer e quem sabe integrar a cena? Com o tempo e após muito trabalho, divulgação e parceria com blogs e lojas, conseguimos um ótimo crescimento na proporção do evento. Nas semanas que antecederam o evento, conseguimos fechar parceria com fotógrafos especializados, que registraram tudo que aconteceu.
No dia do evento, nos reunimos no metrô com alguns amigos e partimos para o vão do MASP, onde cada vez mais foram chegando pessoas e mais pessoas.
O evento correu da melhor forma possível. Ao longo do dia dividimos conversas e trocamos histórias divertidas, jogo de perguntas, e uma maravilhosa energia e acolhimento uns com os outros.
A ideia de chamar as lojas para exporem seus produtos e sortearem itens partiu da premissa de ajuda mútua, um crescimento para o evento e para as lojas e artesãos.
Polêmicas a parte, o que conseguimos tirar do evento foi que podemos sim fazer algo divertido e simples, para unir as pessoas a nossa volta, além de ajudar a trilhar o caminho da Subcultura Gótica, que tanto amamos.
Termino esse texto agradecendo a oportunidade de falar sobre o Bats Grave aqui, agradeço a todo apoio que temos recebido e aviso que teremos sim próximas edições.
Um beijo à todos!

Você pode ver mais fotos do evento, clicando aqui.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Entrevista: NULLIFER LUTZ

Entrevistamos o polêmico líder da Abaddon e da antiga Spectrum X, que foi sensação no Brasil. Diretamente da Itália, Nullifer nos conta um pouco sobre sua visão das redes sociais e um pouco sobre seus projetos musicais.


Conte-nos um pouco sobre seu projeto atual, Abaddon.
Abaddon é Black Metal, eu (Nullifer)  criei este projeto de volta em 1999, enquanto estava vivendo nos EUA.
Recentemente, tomei a decisão de remover a parte sinfônica da música ... Nós não sabemos ainda se isso vai ser uma mudança permanente ou apenas para este álbum. Teremos de ver no futuro...
De qualquer forma, nós fazemos música sobre o sobrenatural, paganismo / wicca, o quanto a igreja suga e muito mais ....
Nós recentemente lançamos as faixas Mark Ov Emptiness e Dominator.
Ambos têm vídeos de música no youtube, e estão disponíveis para a compra em todas as principais plataformas de distribuição digital. Quem puder se inscrever e puder comprar nossa música, nós ficaríamos agradecidos! O novo álbum está em obra, em fase de conclusão e em breve estará disponível.

Spectrum X é uma banda que em meados de 2008/2009 tinha um número relativo de seguidores dentro da Subcultura Gótica. Como era a relação da banda com esse público, e como é a cena gótica na Itália?
Sim, nós tivemos um monte de fãs... Infelizmente sites de mídia social realmente sugam muito e agora e você tem que pagar para obter qualquer visibilidade, e nós não vamos fazer isso.
Não me importo de ser uma banda underground, é claro que era mais apropriado a maior quantidade de pessoas que usamos para ser capaz de alcançar. Mas você sabe como é, os ricos continuam ricos, e os necessitados não recebem nada. Seria bom se o mundo não estivesse tão cheio de ovelhas.
O Facebook foi o início da queda da mídia social, que  agora é totalmente infectada por coisas como o Youtube, bem como outras...
(A merda do Facebook nem sequer mostrar as suas mensagens para pessoas que já curtiram a página na maioria das vezes...)
Sobre a nossa relação com os fãs, nós tentamos ficar o mais comunicativos com eles possível.
Por favor, tentem lembrar de compartilhar e comentar sobre nossas coisas para nos deixar saber que você ainda está lá e nos ajudar a ter mais visibilidade.
O ambiente gótico na Itália é bom, tem sempre pessoas novas, por conta de pessoas que passam por "fases", mas aqui é como em todo lugar no mundo. Os mais velhos e verdadeiros permanecem fiéis.

Recentemente, tivemos uma onda de protestos neonazistas na cidade americana de Charlottesville, EUA. Qual é a posição da banda sobre esta situação e o que diriam aos fãs do Abaddon e Spectrum X?
Nós não queremos ser envolvidos em tais discussões.Tudo o que podemos dizer é que os EUA está um lugar muito fodido, e eles vão precisar mudar ou eles não vão ser amigáveis com a maioria do mundo por muito mais tempo.
Se qualquer outro grupo tivesse feito algo semelhante, as consequências teriam sido muito maiores.

Qual é a principal diferença entre os projetos Spectrum X e Abaddon?
Esta é uma pergunta muito difícil... Eu acho que Abaddon é mais metal e tem mais a ver com o mundo espiritual que nos rodeia.
Spectrum-X é mais industrial e focado mais em histórias de ficção e horror. Estes devem ser os principais fatores distintivos entre as duas bandas.

Quais são as novidades que os fãs de Nullifer e Candy Bones devem esperar para o futuro? Será que vocês tocariam no Brasil, se fossem chamados?
Estamos ansiosos para o álbum que será lançado pelo Abaddon no futuro próximo!
Nós recebemos esta pergunta sobre tocar no Brasil muitas vezes todos os dias, hahaha ....
Sim, se alguma empresa séria nos oferecer a oportunidade de tocar no Brasil, com certeza nós iremos!
Sabemos que temos uma grande quantidade de fãs na América do Sul, por favor, não achem que nós não sabemos que vocês amam a nossa música.
Nós realmente apreciamos isso e espero que vocês continuem a nos apoiar no futuro!



Para maiores informações sobre Nullifer e seu novo projeto, o Abaddon (que aliás, recomendamos muito para quem aprecia Black Metal), acesse os seguintes contatos:
info@abaddon.it
www.abaddon.it
facebook.com/official.abaddon

terça-feira, 31 de outubro de 2017

POETISA DISSECADA: Horror, poesia e atitude

A mistura da energia do punk rock com a atmosfera de pavor poético que sentimos ao ler Poe poderia dar certo? A resposta é sim, e é o que você confere no som dessa banda mineira que já desponta como outra das grandes promessas de novas bandas nacionais. Confira agora mais detalhes neste bate-papo exclusivo!




Conte para nós de onde surgiu a ideia para formar a Poetisa Dissecada.
Primeiramente, agradecemos pelo espaço, querido amigo. Que seus projetos tenham vida longa! A ideia da banda surgiu aos poucos... na medida em que meu antigo projeto "Opium Eater" foi se desfazendo, a Poetisa se tornou um embrião na minha cabeça. Na época, estava acontecendo um bom momento de eventos punk na cidade, momento que agora parece estar severamente enfraquecido. A cena gótica, se é que podemos usar o termo "cena" para o que acontece em Juiz de Fora, nunca foi forte por aqui, sempre careceu muito de qualquer tipo de atividade e interesse dos que vivem dizendo que dela fazem parte. Eu e Júlia começamos a frequentar mais do que o de costume esses eventos, que eram organizados também pelo nosso ex guitarrista. Tudo que tínhamos até então era o nome da banda e a ideia do que queríamos passar, junto com algumas bases feitas de bateria eletrônica e voz... convidei o ex guitarrista Juarez para o projeto, em seguida a Júlia, minha namorada, para o baixo, e, por último, a Fabiola (ex baterista) se juntou a nós. Atualmente a banda está com formação nova, sendo o Bernardo Falcão na guitarra, e Eduardo Vianna na bateria.

Qual é a mensagem que a banda quer passar para o público?
Bom, em termos musicais, a banda tenta passar ao público (gostamos mais de chamar de "amigos que acompanham a banda" ), algumas ideias de poesia, arte e filosofia, que são coisas com as quais nós buscamos certo diálogo, sempre. Mano...a maioria das bandas que vejo surgir, principalmente na cena Punk, são muito "mais do mesmo", muito barulho, o que leva muitas vezes à diluição da mensagem. Estamos gravando um álbum novo para a banda, que em outubro deve estar no ar, e nele traremos um pouco da filosofia do Nietzsche, assim como um poema musicalizado do Charles Baudelaire, chamado "O Morto Alegre", cujo sentido do poema parece pra mim uma das mais lindas formas de dizer sobre uma aceitação plena, e sincera, da morte. Mas, para além do som... creio que a mensagem seja, entre outras coisas, resistência e união, pois em tempos sombrios como os que vivemos na politica do país e do mundo, as posições opressoras e extremistas crescem a cada vez mais, criando uma onda de pessoas idiotizadas e manipuladas, cheias de ideias tortas, que devemos manter sob combate constante. Sempre costumo citar as Mercenárias quando falo de união, afinal: "Estamos todos por baixo das mesmas garras."

Seu recente EP, "O Deus Verme" tem sido elogiado pelo público underground, inclusive por integrantes das cenas góticas e deathrock de fora do país. Gostaríamos que falassem um pouco sobre o EP e qual a sensação diante de uma resposta tão positiva do público;
"O elogio é a moeda do artista!" haha.. O Deus Verme foi o primeiro ep, por onde as pessoas puderam realmente conhecer a proposta da banda... acho que não tem como definir a surpresa que é, e que foi, pra nós, receber mensagens de pessoas de diversos lugares, nos dando apoio, elogiando, curtindo o som.
Quando a gente curte um som underground, uma banda nova que surge, ou alguma antiga lançando coisa nova, fazemos sempre questão de dizer isso ao artista, e, se possível, ajudamos a divulgar o trabalho dele, porque acreditamos que o underground também é feito disso... Tudo que fazemos, é feito sob o suor do nosso próprio esforço, sem qualquer ajuda de fora. É, literalmente, feito de amigos, para amigos. Então, quando estes amigos "abraçam" a ideia, isso nos motiva a continuar fazendo. Os integrantes das cenas gótica e deathrock de fora do país que vc citou, creio que sejam nossos queridos amigos de Luanda, na Africa. Conhecemos eles através da banda, eles mandaram mensagens elogiando, e disseram que na cidade deles a banda é conhecida. Tomamos um puta susto, claro... não sabíamos que tinha chegado tão longe, e, desde então, acompanho a cena linda que eles formam lá, sempre se comunicando com a gente, e contando sobre os planos deles para eventos, e uma banda que pensam em montar. Nosso maior sonho, pelo menos o meu e o da Júlia, é um dia fazer um show lá. Se um dia eu tocasse em Luanda para galera de lá, eu poderia morrer feliz, porque seria a melhor coisa que poderia acontecer!

O Poetisa Dissecada está mais para um punk rock dark ou para um gótico mais rebelde? Não resistimos a essa pergunta, rs... 
Bom... eu não sei! kkk mas uma coisa é certa, nosso próximo álbum vai estar diferente do primeiro, em muitos aspectos, mas acredito que o principal seja no tom mais sombrio. Na Poetisa todos os integrantes são muito participativos, principalmente na hora de compor, de criar, então, com a mudança de guitarrista, toda a esfera é modificada, isso é normal. Com o Bernardo e a Júlia no comando das cordas as coisas já não são mais as mesmas, porque agora há outras influências envolvidas... eu espero que gostem!!

Quais os planos da Poetisa Dissecada para o futuro? Teremos novidades para breve?
Sim! Neste momento estamos terminando de gravar o cd novo, que contará com oito faixas, e se chama Morte Absoluta. Nosso plano é lançar em plataformas virtuais, e também em versão física. Antes do lançamento do cd pretendemos lançar um vídeo (D.I.Y vídeo) de uma das novas músicas, como uma prévia do que virá. Fora isso, planejamos tocar muito, passar por São Paulo, e pelos lugares onde há amigos que gostam, ou que poderiam gostar do que estamos fazendo.


Você pode adquirir o EP “O Deus Verme” (que nós simplesmente não conseguimos parar de ouvir) através da página da banda no Facebook: www.facebook.com/poetisadissecada

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Entrevista: LES CHATS NOIRS

Batemos um papo com uma das grandes e novas promessas da Darkwave nacional. 
Confira!


Sabemos que a inspiração para a formação do projeto se deu no Wave Summer Festival, onde alguns de nós também estávamos lá. Contem para nós como essa ideia surgiu e no que o evento influenciou o nascimento da Les Chats Noirs.
Isso mesmo. Lucien nasceu numa família de músicos e sempre estudou música, além de amar compor. Já no meu caso, eu acredito ter uma bagagem musical muito grande do meio gótico e darkwave, já que ouvia grandes bandas desse estilo e isso foi fundamental para começarmos o projeto. Já fui a um dos maiores festivais góticos da Alemanha, o Meraluna, em 2009 e lá a gente pode ter a real dimensão da cena gótica, que é linda e está muito viva. Esperamos agora ter a oportunidade de ir ao WGT em Leipzig que é o maior evento da cena atual. No Wave Summer Festival, em 2015, nós voltamos inspiradíssimos para começar o projeto e eu comecei a, digamos, “receber” melodias para piano e começamos a compor as primeiras faixas: “Love and Passion”, que tem uma levada mais para o Gothic rock e “Lestat”, que possui uma atmosfera mais densa remontando ao vampiro da nossa querida Anne Rice. Logo depois da morte do pai de Lucien surgiu “Death is Alive”, numa tarde cinzenta e fria de Agosto em que caminhávamos por uma praia. No clipe, nós aparecemos como dois “anjos da morte” que anunciam e vêm buscar a alma da moça que chora. “Eternal Love” é mais romântica e fala de nós mesmos quando nos conhecemos. Aliás, o nosso próximo clipe será dessa música. O Lucien é dos anos 80. Ele viveu o punk e o pós-punk. Nasceu em Curitiba, uma cidade com muita influência de música inglesa. As pessoas andavam vestidas como seus ídolos, Johnny Rotten, Siouxsie, Robert Smith, Morrisey, Ian Astbury e outros. Curitiba nos anos 80 teve seu auge, a cidade abraçou o movimento pós-punk inglês de uma maneira muito intensa. Eram muitos encontros para escutar aquele lp daquela banda especial, que algum jornalista tinha escrito em alguma revista. Bandas como Echo and the Bunnymen, Dead Can Dance, Gang of Four, Cocteau Twins e tantas outras. Então Então, em 1987 ele, junto com seu irmão, criaram a banda Tessália, que misturava todas estas tendências, meio gótica, meio ethereal, muita experimentação, efeitos... eles tocavam com vestes, inspirados pelo vídeo da música Atmosphere Em 90 foram morar em Londres, onde quase assinaram com as gravadoras Rough Trade (The Smiths) e 4AD (Cocteau Twins, Dead Can Dance, Clan of Xymox), mas o destino... Lucien chegou a conhecer o dono da 4AD, o lendário Ivo, homenageado em uma das músicas da banda Cocteau Twins). Sem uma banda de apoio, Lucien entrou em depressão, voltou ao Brasil e foi morar nos Estados Unidos por 3 anos, onde conheceu músicos do underground como Mark Sandman da banda Morphine e Kristin Hersh da banda Throwing Muses. Por muitos e muitos anos achou que o estilo gótico tinha acabado, até conhecer Nyx. Nyx mostrou a Lucien que não só nao tinha acabado, como estava muito vivo, com excelentes bandas, tanto na Europa como no próprio Brasil como Plastique Noir, Scarlet Leaves e Das Projekt entre tantas outras. Mas foi no festival que Lucien sentiu o chamado para compor novamente, e ao chegar em sua casa, Nyx teve a inspiração do piano de "Love and Passion", o que levou Lucien a compor a melodia e os oturos instrumentos em questão de horas. Lucien ficou muito impressionado com a banda alemâ Das Ich e as brasileiras Das Projekt e Scarlet Leaves.

Vocês possuem uma forte influência de música tribal em seu primeiro álbum, o Les Fleurs des Mortis. Que outros sons vocês incorporam em suas músicas e quais seriam suas principais influencias/inspirações?

Podemos dizer que uma das nossas maiores inspirações é a fantástica “Dead Can Dance” que nos traz um pouco desses elementos tribais que você mencionou. Além disso, a alemã “Love is Colder Than Death”, a britânica “Death in June” e a mais atual “Angels of Liberty”, as francesas “Opera Multi Steel” e “Collection D’Arnell Andrea” e os italianos do “Kirlian Camera”. Mas é interessante perceber a nossa evolução nesses dois anos de banda: começamos de foma mais “analógica”,digamos assim, com bateria, baixo, guitarra e o piano e estamos nos encaminhando para uma tendência mais eletrônica fazendo mais uso dos sintetizadores. Nyx queria fazer gothic rock, por isso as duas primeiras músicas tem mais essa levada, baixo, batera... Death is Alive e Eternal Love tem uma granade influência de bandas como Angels of Liberty e Nosferatu. As últimas músicas já tem algo mais ethereal, mais teclados, ambiências.

Como vocês veem a cena gótica/ Darkwave no Brasil atualmente?
Nós dois vivemos os anos 80, o auge do movimento gótico e estávamos sintonizados em tudo o que rolava no meio underground da época. A partir dos anos 90 muitas bandas excelentes apareceram e continuamos em sintonia. Agora, no século XXI, parece que estamos redescobrindo a cena e nos reinventando de um jeito bastante interessante aqui no Brasil. Ficamos impressionados com a performances das bandas “Tempos de Morte”,“Poetisa Dissecada” e “Gangue Morcego, que nos chamaram bastante atenção neste Woodgothic, por exemplo. Temos artistas excelentes aqui na nossa terrinha, mas precisamos muito do apoio e reconhecimento do público para manter a cena sempre viva e sentimos isso com o pessoal que estava no festival. Uma interação bem legal entre o público e as bandas. Torcemos muito para o público aumentar e conhecer o nosso trabalho. Como diz o lema do festival: “Resistência Underground” sempre!!


Falem um pouco sobre o Les Fleurs des Morts e qual tem sido a resposta do público;
Esse é o nosso primeiro album e estamos muito felizes com a repercussão que está tendo. Estamos recebendo muitos elogios de pessoas que entendem bem do assunto e isso é uma grande honra para nós que estamos começando agora. A foto da capa e do
cd são do fotógrafo Lorenzo Bonincontro daqui de Santa Catarina e quando conhecemos o seu trabalho ficamos encantados pela beleza e mistério que as fotos passam. Pensamos na hora a mesma coisa: essas fotos tem tudo a ver com o Les Chats Noirs! Entramos em contato com Lorenzo e pedimos permissão para utilizá-las no nosso álbum. E assim se deu um casamento perfeito...rs
Sem a ajuda de algumas pessoas este cd não teria sido feito. O primeiro a acreditar na banda foi o produtor cultural Paulo de Almeida de Jaraguá do Sul em Santa Catarina, produtor do canal de youtube "Palco Local". Ele era fã da banda Tessália de Lucien e acabou escutando as músicas do Les Chats Noirs e divulgando para pessoas como o Zaf, que os convidou para o festival WoodGothic. Este foi um "turning point" na carreira 
da banda, que de repente teve suas músicas tocadas em rádio da Europa e convite para participar da coletânea "Temple of Souls" do selo Deepland Records. Com o lançamento do vídeo "Death is Alive" de produção do mesmo Paulo de Almeida, recebera o convite para lançar um cd pelo selo Wave Records. O show de lançamento foi no Madame Satã e logo depois tocaram no festival WoodGothic. A recepção tem sido muito gratificante, com novos fãs e mensagens diariamente.


Quais as novidades que a Les Chats Noirs tem para nós?
Bem, estamos lançando o nosso próximo clipe da música “Eternal Love” e já estamos pensando no próximo que será “Les Fleurs des Mortes”. Além disso, temos um projeto com a Companhia de Dança Obscure Fusion da coreógrafa e 
dançarina Gilmara Cruz, onde nós compomos músicas para as suas coreografias e isto é algo muito novo na cena e que está nos motivando bastante.
Bom, estas últimas músicas  já tem um formato mais eletrônico, etéreo e ao mesmo tempo a música "Les Fleurs des Morts" tem uma batida mais eletrônica. Já estamos trabalhando em novas músicas e acho que o formato vai ser esse, músicas para pista, com influências de bandas mais atuais como Lebanon Hanover e Sixth June, que também são casais que compõe
 
. A idéia inicial era formar uma banda mesmo, com outros músicos, mas este formato, um duo, é o que vai continuar.


Você pode adquirir o recomendadíssimo “Les Fleurs des Mortis”, que já é considerado um dos destaques do ano do Darkwave nacional através do site da Wave Records: waverecordsmusic.com

Página da banda no Facebook: https://web.facebook.com/leschatsnoirsbrasil/

MECHANICAL BAT ZINE

A versão física do nosso zine ainda não tem uma data certa para ser lançada, mas aos poucos vamos postando as matérias e entrevistas que conseguimos realizar ao longo de três meses de trabalho.
Confira a capa, criada por Go Lopes e editada por nós, aqui do blog.
Fiquem ligados, que em breve tem entrevista sendo postada aqui!